O Pensar e o Eletrochoque
por Cleder Zvonzik
Nas têmporas de suas consciências,
vem à flor a colisão dos neurônios.
Que agora_ em efervescência_
desordenados ardem em sinapses veementemente ardorosas.
Convulsionando vontades
Desapropriando quereres.
“Feito um cair no sono quando
ainda dormindo”vem à flor a colisão dos neurônios.
Que agora_ em efervescência_
desordenados ardem em sinapses veementemente ardorosas.
Convulsionando vontades
Desapropriando quereres.
Repressão pelos olhos
Mas não há venda visível.
Sem que exista véu... cobertos são os rostos.
Cobertos são os olhos... Cobertos são os arbítrios.
Presos a camisas de um estranho corte
São apenas mais um objeto de experimentação!
Catedráticos sorriem.
Fins científicos...
Nas efemérides são apenas alguns números a mais.
Nada de mais!
Além do mas,
números são números.
A quem por demais satisfaz!?
à mesa são servidos (sem que se peça)
exóticos coquetéis com nome de abraço reconfortante:
Para protegê-los de um dito “outro eu” neles incubado, afirmam!
Antes que seus demônios queiram sair para brincar, dizem!
Ingeridas, então, as delicadas iguarias_Refeição solene!
transportados são para um outro mundo!
Mundo da lua, mundo paralelo... Desmundo!
Nesse outro lugar_ distante_ ninguém é seu igual.
Por seus corredores largos e vertiginosos
Corpos seriados se arrastam lentos,
em descompassadas passadas, espessas, pesadas.
Na opacidade lenta do que é autômato!
Na letargia das pálpebras sempre a meia altura
Alheios a tudo! a todos! longe, longe...
Distantes, apartados... arrebatados
Todos que para lá vão
tão logo se afastam de si... De si se perdem, de si se evadem,
[se desviam
[e cada vez mais...
Mais e mais...
Perpétuo! Contínuo!
Demasiadamente longe ficam de si.
De suas almas egressas_ acantoadas_ têm o abismo.
Sua referencia é um canto maldito.
Escuro e sem luz
Lá é sempre noite... e a neblina nunca baixa
A todos, então, vai cegando!
E diante da cegueira_ cujo dia nunca amanhece_
(Enquanto vão perdendo o que ainda resta de luz)
seus pedaços não conseguem encontrar
Tampouco os reconhecem!
Olhos semicerrados
Perdidos!
Fora de
si
Fora de foco
Tropeçam
no c
a o
s,
caem no vazio...
...
...
...
...
...
E aonde chegar se arrastando assim
[em círculos quase simétricos
Com o olhar deveras enevoado, disperso... labiríntico
Perseguindo seus pés... Perseguindo suas calçadas
Tão pisadas quanto suas almas diluídas.
Pesam os passos... Pesados, infalsos
Pesam os pesadelos. Liségicos!
Pesam os pesares
Pesam, e pesam
E pesam
Difusa difusão
vão circundando por um centro extrínseco e íngreme
A nenhum lugar chegam... ou podem chegar
Cantos de dor de lá ecoam sem audição!
Sem reflexo
Todos se transportam para um espelho aos estilhaços
Não há mais rosto... Não há mais corpo
Procurar por quem?!
Como sair?
Chaves: Não existe porta ou portões para se fechar ou abrir
Alma, não se sabe para onde foi!
Não há mais querer
E tudo logo se torna cansaço.
Dois universos se colidem. Formando um terceiro em pedaços
Aos tormentos, residentes desse martírio,
nele moram sem habitar
Nada recobram.
Respiram mortos frente à lucidez que se encerra.
Sem vida... Tardam para morrer!
Nada mais são para aqueles que por eles passam
Para aqueles que apenas passam.
De repente uma fresta
Então um dos desafortunados consegue se ver!
"E como quem se alimenta às pressas
tenta engolir o máximo possível de si:
devorando-se com sofreguidão
No anseio exagerado de consegir algo rapidamente
Uma lembrança qualquer... Cheiro da infância
[acampamento de música, quiça
Ambicionando-se desmedidamente
[em quase sexual desejo
Impaciente por um pouco de si... Urgência, pressa do eu!"
...Mas tão logo eles vêm, e veem o seu eu
[inadequado.
"Soturna reestreia de despedida!"
Então, é uma outra dose...
E num abraço que o une nova e estreitamente ao vazio
O vislumbre de si,
pouco a pouco, torna-se um flerte sem resposta
[outra vez.
De seus gritos:
(Dor que, então, lacina)
Tem-se o seu oco
De seu olhar descorado e pouco
O seu eco... ... ... para dentro, rouco!!!
Respondem com a eletrificação da carne, da alma, do eu...
Das vontades.
Do querer
E de novo ele se perde de vista
Um outro nele presentemente vive
E outra vez de ele ele se afasta...
Novamente vai morar longe de si
Dedicado a Austregésilo Carrano Bueno
UAU! Gostei!
ResponderExcluirCleder!
ResponderExcluirQuanta densidade, hein?!
Parabéns! O texto nos faz tropeçar, cair, se arrastar... Isso é incrível! Demonstra que sabe manejar a escrita poética!
Continue nos deleitando com sua escrita densa que revela a heterogeneidade da "poesia".
Beijos!