domingo, 24 de fevereiro de 2013

Amor Simples do Sertão (Caminhos)




Amor Simples do Sertão:Caminhos


Temos um amor simples do sertão
Um amor simples e forte do sertão
Amor daqueles que desafia Corisco e Lampião


 Nossa morada é larga e arejada
E o teto sob o qual nos amamos nos acolhe
como a uma manta estendida no firmamento

                                                       [em tom azul divino 
Por ele deslizam diamantes
que deságuam no mais seco horizonte matutino                                                                                                                                                                     
As paredes de nosso lar a tudo ouvem,
cujo vento pendura quadros desidratados de paisagens
                                                                 [quase mortas
que se movem quase vivas...
Sem moldura, e com todo dissabor
                                        [e com toda a agrura


 Sim! É árido o nosso quintal
Nele semea-se sede...
Sim! É vasto e insensível o nosso quintal
Porem, mais vasto é o nosso amor!


Nosso amor é assim
É como namoro de praça de cidade pequena
Nos amamos aos montes
no mar, e nos montes, montanhas e matas, e bosques e  fontes
                                                                    [de nosso imaginar


O nosso amor é assim
Bem diferente do amor das capitais, dos capitais.
Não mente para ser bem visto
É ele a céu aberto!
À vista de todos
Amor que a tudo renuncia, a tudo se desapega
Amor que vive apenas do que é indispensável para o outro!


 Dizem, os tolos, que não temos nada, que não temos ninguém
Riem de nosso amor
Não sabemos!
O que sabemos é que temos um ao outro.


Temos um amor como aquele que viaja apenas com a roupa do corpo
Que carrega trocados, que pede por água
E que pede
e pede...


 Nosso melhor adorno é a pele um do outro!


Dizem que temos que mudar:
Mas, quem nos diz, eles não mudam_ não cultivam mudas
E quando perguntados do porquê
Tais vozes se fazem mudas, a boca não se desnuda.
Calam-se!
E suas palavras entram assim com saem: sem audição!
Nada ouvimos!
Nesses momentos, somos a eles surdos.
Ouvindo apenas a voz do coração, dos nossos corações
Que se traduzem em um
E tão somente em um
Ainda sendo dois


 Voz que é ouvida apenas por amores simples e fortes
                                                             [como o nosso do sertão


Voz que rega o solo seco
Voz que leva a quem tem sede toda água em fonte

 Somos assim
Simples de coração
Vivendo um amor simples do sertão


Um comentário:

  1. Belissimo poema Cleder.

    Simples de coração um amor do tamanho do mundo.
    Bonito

    Abraço

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